quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Síndrome de Down e cardiopatias congênitas


Já contei aqui que Lucas tem uma cardiopatia considerada leve e que está sendo acompanhada, monitorada e avaliada mensalmente por um cardiopediatra. Mas, o que é isso? O que são e quais são essas cardiopatias?

Cardiopatia congênita é a doença na qual há anormalidade da estrutura ou função do coração, que está presente no nascimento, mesmo que descoberta muito mais tarde. Ocorre por uma alteração no desenvolvimento embrionário de uma estrutura cardíaca normal. As alterações do fluxo sanguíneo, resultantes desta falha podem influenciar o desenvolvimento estrutural e funcional do restante do sistema circulatório.

Os principais exemplos de cardiopatias e mais comuns na síndrome de Down são: comunicação interventricular (CIV), comunicação interarterial (CIA), defeito do septo atrioventricular (DSAV) ou coxim endocárdico e persistência do canal arterial (PCA).

Comunicação interatrial, ou CIA: Existe um defeito de fechamento do septo interatrial, permitindo a passagem do sangue do átrio esquerdo para o átrio direito.

Comunicação interventricular, ou CIV: O defeito ocorre entre os septos interventriculares (ventrículos esquerdo e direito).

Persistência do canal arterial, ou PCA: É o não-fechamento do canal arterial, estrutura normal na circulação fetal, comunicando o tronco da artéria pulmonar e a aorta.

Defeito do septo atrioventricular (DSAV): Está dentro do grupo de cardiopatias congênitas acianogênicas de hiperfluxo pulmonar; ou  seja, não produz cianose e leva a um aumento do fluxo sanguíneo pulmonar. Existem três tipos de DSAV: total, intermediário e parcial. Em todos eles há um defeito no coxim endocárdico, que é responsável pela formação das valvas atrioventriculares (tricúspide e mitral) e fechamento dos septos atrial e ventricular.

Os sintomas são variáveis, conforme o tipo, o grau e o tempo de evolução da doença. São sintomas comuns:
cianose, falta de ar, baqueteamento digital (dedos em forma de baqueta de tambor), sudorese e cansaço para as mamadas (neonatal), modificações no formato do tórax.

O tratamento ideal é a correção do defeito estrutural. Conforme o caso, pode-se precisar de cirurgia imediata ou aguardar meses ou anos para a cirurgia. Conforme o caso, a intervenção pode ser feita intra-útero. Cada apresentação clínica tem particularidades quanto aos medicamentos ou outras medidas indicadas.

A grande dúvida que todo pai e familiar tem é sobre a necessidade de cirurgia. Não são todos os defeitos cardíacos que necessitam de cirurgia. Defeitos simples que não cursam com sintomatologia muitas vezes corrigem-se espontaneamente e não necessitam de intervenção cirúrgica. Entre eles, temos as comunicações interarteriais de localização na fossa oval e as comunicações interventriculares mínimas.

O defeito do septo atrioventricular sempre precisa de correção cirúrgica. O ideal é aguardar a idade entre 6 e 12 meses, quando o peso do lactente já está bastante superior a seis quilos e o risco cirúrgico é menor. Entretanto, naqueles casos em que é difícil controlar a insuficiência cardíaca, torna-se necessária intervenção mais precoce.

No caso de Lucas, estão presentes duas CIVs e uma pequena CIA que estão sendo monitoradas periodicamente. Lucas tem um sopro característico de tais cardiopatias. Estamos acompanhando através de exames clínicos, raio-x e ecocardiograma. E, conforme atestado pela cardiopediatra, Lucas está ótimo! A cardiopatia não está comprometendo a função cardíaca, meu bebê mama e não cansa e "malha" tranquilamente. O coraçãozinho está bem e os pulmões também. Mas, uma recomendação constante da médica é tentar, na medida do possível, evitar a exposição a ambientes potencialmente infectados. Por isso, temos um cuidado ainda maior com Lucas, para que ele não tenha infecção pulmonar e não sobrecarregue a função cardíaca. E a nossa torcida é que esses defeitos se corrijam espontaneamente sem a necessidade de intervenção cirúrgica.

(Fontes:
Síndrome de Down - informações, caminhos e histórias de amor, de Vanessa Helena Santana Dalla Déa;
Guia do bebê com síndrome de Down, de Dr. Zan Mustacchi;
Wikipedia.)

2 comentários:

  1. Nossa muito lindo. Eu estou estudando sobre esse assunto. Parabéns pelo lindo trabalho em divulgar sobre o seu filho.

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  2. Meu bebê está internado no Incor-SP. Ele tem 6 dias de vida e tanto a cardiopatia qto a possibilidade de down só apareceram pós parto. Ainda não temos diagnóstico concluído. Estou mto nervosa, assustada... Iara whats 11 997161947

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